quinta-feira, 18 de março de 2010

Saudade dói

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
Dói morder a língua, dói cólica, cárie.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmã que mora longe.
Saudade de um(a) amiga(o) que mora longe.
Saudade de quem se foi.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro
sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.

Não saber se ela parou de beber coca-cola,
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada,
Se ele(a) tem dormido bem,
Se aprendeu a tocar violão, e quando vai tocar pra mim,
Se ela continua bebendo cerveja,
Se ela continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados,
Se ela continua cantando tão bem,
Se ele(a) continua amando,
Se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!

Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
Não saber como frear as lágrimas diante de uma atitude de indiferença,
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso…
É não querer saber se ela está mais magra, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler…”


Saudades

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